domingo, 1 de agosto de 2010



Arte de : © Agócs Írisz






"Naquele dia fazia um azul tão límpido, meu Deus, 

que eu me sentia perdoado para sempre.

Não sei de quê."


ele, o Mário Quintana.






Ela não estava triste mais. Estava namorando aquele espelhinho ali no quarto. Ela colava-se no espelho do silêncio tentando perfurá-lo com os olhos. Pensou ouvir um suspiro do outro lado, que não sabia de onde vinha. Por um instante cheguei a pensar que, se os seus olhos atravessassem aquele espelho, o encontraria esperando do outro lado. O amor não é coisa que a gente vê. Ele mora no fundo do coração. E como a gente só sente, fica na dúvida se ele existe. Tem dias que até para de acreditar. Tratava de ir atrás dele, para buscá-lo em pensamento que é pra ninguém ficar sabendo. Mas ele é tão bobo, que era capaz de não querer acreditar. Hoje ela se senta aqui pra te ver, meu anjo. E me disse que vai ficar aqui o dia inteiro. A vida inteira se precisar. Eu sei que os ventos são fortes e às vezes nos desorganizam por dentro. Eu também sei que o céu tem dia que parece que vai despencar em cima da gente. Mas coisa ruim o tempo dá jeito de incendiar. E inunda de faíscas de fogo que orbitam do papel até cobrir o telhado do quarto e vestir o mundo de cinza. Mas a gente sempre sabe que vai passar. Tem noite que cai como um grito num acesso de pânico. Vem só pra assustar. Depois ela raspa o preto das nuvens e torce até chover fininho e colorido outra vez. E por baixo, tem sempre um arco-íris pomposo pra espiar. E nos olhos de quem ama, chove sim. Mas depois estia devagar. O silêncio é a ferrugem da alma. E pra conservar um "Amor", todos os dias a gente tem que limpar.






P.S.: Esses dias chorei tanto gente, que meus olhos se soltaram dos buracos da cara. Aproveitei pra dar uma fervida neles na panela. E estão tão limpinhos, que agora acho que dá pra continuar. Um beijo de sol com chuva! 
Com amor, Geise

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