quarta-feira, 7 de julho de 2010

A Cabana

Naquele momento ela desatou os nós,
Sentiu como se tivessem lhe tirado um peso das costas, como se tivesse se livrado de todas suas cruzes.
Forrou – se das flores e de infinitas fragrâncias, imaginou - se por uns instantes como uma folhinha seca que se entrega ao vento no outono.
Sentiu então que a solidão não mais existia, se lembrava como se jamais estivesse morado nela, em seguida arrancou de seu corpo todos os vestígios deixados por aquela dura e longa época de inverno, sem mais queixar-se de suas cicatrizes ainda expostas.

Entregou-se ao céu, voava desde então todas as noites entre as estrelas, fez as pazes com a lua, a qual odiou por todas as noites, por contabilizar mais um dia de solidão, sem proteção, que chegara ao fim.
Transportou todos seus sorrisos de volta para o lugar que agora ela se arrepende em ter os deixado fugir, onde durante muitos dias foi cenário de um rosto gélido, sombrio e enterrado em lágrimas, velados por uma constante amargura e sentimento de isolamento.

Quantas vezes seu sono foi substituído por uma insônia devastadora, que aos poucos levou tudo de bom que ainda existia dentro de seus olhos.
Agora nesse momento ela planta cada semente de seu jardim, para recuperar o prejuízo de um forte dilúvio que o aniquilou por completo.
Varre agora todos os restos daquele longo período, em que restaram apenas as lembranças, recolhe os milhões de caquinhos espedaçados pelo chão, afim de não mais se cortar nem colecionar mais feridas.

Ela se abre para o novo, mergulhou dentro do mar, e está se livrando de tudo que é velho, aliás, cansou de fazer de sua vida um museu de lamúrias.
Libertou seu coração,
Abriu sua janela trancada,
E agora sorri para os quatro cantos do mundo.
O qual nunca a abandonou, a não ser o seu próprio falso instinto de rejeitada lá fora, de isolada por dentro, e de estranha para o mundo.



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